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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Do papel a prática...

Bem, faz tempo que não posto nada, mais por falta de tempo que qq outra coisa, mas vamos lá.

Alguns pensamentos:
-  consultas médicas e retorno: Independente do valor (que é outra discussão), acredito que toda vez que voce pisa no consultório médico, deveria haver remuneração, pois afinal é trabalho e todo trabalho deve ser remunerado. Dizer "que é para completar o primeiro atendimento, olhando e interpretando exames", é no mínimo dizer que "o paciente já deveria ter vindo com isso tudo pronto" ou desprezar a complexidade do "dar uma olhada no exame", interpreta-lo e seguir com a proposta terapêutica. Ai vem um corolário: "se o próximo comparecimento for para outra queixa ou problema médico, deve ser considerado nova consulta e não retorno". Ora bolas, então devo cobrar por diagnóstico feito? Na primeira consulta vejo SOMENTE um aspecto da doença, se o paciente se desviar do queixa principal eu digo: "ah, isso é outro problema, então volte outro dia para gente ver isso?". Nao é mesquinhez mas esse bando de normas, regras etc.etc.etc.. que serve em tese para proteger o consumidor tem incompatibilizado financeiramente a prática médica no consultório e, na minha região, tem feito ótimos profissionais se descredenciarem dos convênios médicos para atenderem somente por consultas particulares. Por outro lado, a saída desses profissionais sobrecarregam outros, que apinhados de serviço acompanham o raciocínio do primeiro e descredenciam-se também - já viram onde vai dar né?. Não precisamos de nada disso. Apenas remunerar a cada ação médica, criaria mecanismos de controle próprios, onde o médico teria autonomia de ver o seu paciente realmente quando precisa. Podem dizer : o médico reserva vagas para atendimento particular.... e eu digo "E DAI?". O consultório é meu, a secretária é minha, a sala é minha, a cadeira é minha, eu pago os impostos municipais,estaduais e federais, sigo todas as regras da VISA e meu credenciamento com convênios estabelece um horário de atendimento, que em muitas vezes ultrapasso para poder acolher a todos, deixando de lado almoços ou outros momentos com minha família. E ainda dizem que para atender particular em outra fila dos convênios, deve ser em outro ambiente ou em horários diversos do disponível para o convenio com outra estrutura de logística (outra secretaria, telefone etc.etc.). Eu não sou economista, mas sei que o custo de outra secretária, outro alvará, outra linha telefônica etc etc etc. para o cirurgião é inviável. Se um médico é considerado pela população como bom profissional, este mesmo terá o consultório cheio, e se ele for bom mesmo não vai fazer overbook e atender 1 a cada 5 minutos. Vai reservar um tempo adequado "que nem sempre é possível seguir" para cada atendimento. Mas há pressão de todos os lados por consultas, o SAC do plano de saúde ligando dizendo que vc "precisa atender pq está no contrato", o paciente "que tem direito ao retorno", os novos pacientes que eventualmente demandam brevidade e o TEMPO não dilata com o calor.
Ai o que aconteceu comigo outro dia: Paciente ligou de manhã precisando de consulta, sem vaga a perder de vista. Outro ligou, outro ligou. Bem, abra um horário novo nesta semana e tal dia (3 dias após) que eu atendo os 4 que estão mais precisando. Na mesma tarde lá pelas 16 horas, ligou uma paciente dizendo que queria uma consulta particular, e como um outro paciente tinha acabado de ligar dizendo que não vinha as 18:00, disse que poderia encaixar. Bem bem....a ligação foi "fake" ou "falsa". To até vendo alguém vir na minha porta me intimando a comparece ao conselho de administração de algum convênio médico explicar porque eu tinha vaga para particular e não do convênio. AI VOU TER QUE CANCELAR 1 OU OUTRA cirurgia ou umas 4-6 consultas para poder ir lá me explicar (DE NOVO)

Eu digo o seguinte, nessa onda do "eu tenho direito!!!", eu gostaria que antes de sair jogando pedras, as pessoas se colocassem no lugar do profissional ou da pessoa. Eu não sou uma empresa com gestão administrativa profissional, cadastro de clientes e filas, prazos de entrega, etc,etc... Sou um profissional médico que nem sabe dizer se recebi pela última cirurgia que fiz, não pergunto se o acidentado era pai de família ou fugitivo da policia(porque isso nem deveria importar numa sociedade de homens justos)  e tampouco fico fazendo firula no consultório para aumentar minha lista de particulares (tenha dó né gente!?".Simplesmente vou atendendo, encaixando quando posso, e fazendo meu melhor. Naturalmente acho justo receber pelo que faço - tenho que por comida na mesa como todo mundo, e meu sacerdócio quem paga são os consulentes.

Minha dica: Não julgue o outro pelo espelho da sua própria alma. Nem todos são maus ou culpados.

post comprido demais, escrevo minha outra crônica outro dia>