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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Valorização profissional....

Estava a verificar algumas comparações que recentemente numa rádio ouvi. Técnicos em eletrônica ou outras áreas da indústria tem tido tanta valorização de sua mão de obra que tem salários maiores que os próprios engenheiros ou médicos.

Isso me faz refletir sobre alguns aspectos que movem o capitalismo na área da saúde.

1 - O bom técnico, vendedor, administrador ou seja lá o que for é aquele que traz lucro para a empresa, seja reduzindo custos, aumentando a eficácia ou eficiência ou vendendo mais.

a) Diferente do médico, que é um profissional que quando agregado ao processo traz custo. O empregador (seja governo, operadora de saúde, hospital) não tem gerência ou hierarquia no modo operativo do médico. Ele tem autonomia de fazer o que quiser apelando ao bem maior que é a saúde do paciente. O lucro eventual que um médico traz pode ser visto quando este profissional é de tamanho renome que converge e atrai os pacientes a determinado serviço que em busca de maior qualidade estão dispostos a pagar por isso.

           Acompanhando o raciocínio, a percepção direta do desempenho de um funcionário na indústria é fácil de medir. Agora devido a extrema variante biológica, o desempenho profissional médico é quase impossível de medir, pois não adianta ser mais rápido se houver maior número de complicações, mas também não adianta ser mais lento e acumular filas de pessoas a esperar.


2 - Tempo x desempenho x produção:  Uma notável diferença mais recentemente percebi foi na atuação de fisioterapeutas sendo remunerados por Operadoras de Saúde. Devido ao baixo valor, aquela seção de fisioterapia que era mais personalizada e com duração de 45 - 60 minutos se transformaram em linhas de produção com acoplagem de equipamentos, exercícios auto-realizáveis e alguns minutos de massoterapia.  Claro que posso estar generalizando aqui, mas é uma percepção pessoal. Não é baseado em nenhuma pesquisa, e ficam minhas desculpas aos que mantém seu atendimento no perfil habitual.Ai ficamos a pensar que o mesmo aconteceu com os médicos décadas atrás onde os baixo valores tornam a organização do trabalho baseado em volume e não qualidade. Assim para fazer juz a manter um consultório aberto, os profissionais reservam em torno de 15 minutos para consulta, respeitadas variações de acordo com especialidades.

b) Então, nada tenho contra o sistema mutuário (operadoras de saúde). Só acho que o profissional médico, devido sua autonomia, deveria ser dono do seu preço. Assim como há advogados de R$ 10.000,00 há advogados de R$ 1.000,00 e obrigatoriamente isso não traduz a qualidade do atendimento e sim a capacidade operacional deste ou daquele.

Será mesmo que a ANS e o SUS não deveriam repensar o modelo ora vigente e trazer uma mudança mais robusta ao sistema que se mostra cada vez mais falho? Será mesmo que a autonomia a qualquer custo é algo que os Conselhos profissionais devem defender tão vigorosamente.

3 - Grupos x indivíduos:

        Hoje há uma tendência dos profissionais de saúde, devido também aos custos altos e baixa remuneração, formarem condomínios ou grupos de profissionais tentando com isso, dividindo despesas e modelos operacionais, tornarem o processo mais facilitado. A vantagem de um grupo é que caso você esteja impedido, há com frequência outro que possa lhe cobrir ou resolver a demanda. Devem apenas  atentar em manter a qualidade técnica e a imagem ética e profissional pois neste processo pequenos desvios podem impactar na imagem da equipe.
             Com isso há menor perda de potenciais "clientes" ou pacientes , por haver melhor disponibilidade mesmo quando um ou outro sai de férias ou a congressos/cursos de atualização.
            Porém ainda é difícil organizar grupos pois médicos em particular são indivíduos com formação solitária e competitiva. Na própria universidade é arraigada a imagem de competição (desde do vestibular até a residência médica) em que você deve ser melhor ou sair na frente. 10 anos disso e dificilmente você consegue mudar seu modelo de enxergar para um método cooperativo onde há perdas e ganhos. Onde de fato há necessidade de analisar custo x benefício, desempenho, eficiência, eficácia e efetividade entre outros conceitos de administração e gestão   


4 - Salários.

               Certa vez perguntei a médicos se deixariam de ser autônomos para serem assalariados com uma remuneração de R$ 15.000,00 mensais por 40 horas de trabalho semanais e benefícios do CLT em regime de dedicação exclusiva. 55% disseram que sim.  Parece bastante dinheiro realmente, quase alcança o salário de magistrados que começam com quase R$ 20.000,00.  Só muda que eles tem 60 dias de férias entre outros benefícios incorporados etc. e parlamentares então... mas não vamos entrar neste assunto.
          Hoje a enfermagem trabalha em regime CLT, dificilmente vemos profissionais de enfermagem abrirem empresas de prestação de serviços. Mas o salários destas são muito menores... acho que em torno de R$ 2000,00 mensais por 40 horas semanais para enfermeira com formação superior.
        Qual a diferença? Bem, hoje o médico consegue trazer seu aporte financeiro a valores maiores porque também a maioria trabalham das 06 até as 20 horas, com frequência com 20 minutos para almoçar e trabalham no final de semana também (pelo menos 1/3 da carga horária diária). Então isso representa 14 horas diárias ou 70 horas semanais (dias úteis) + umas 10 -12 horas nos finais de semana. 
            Mas caso fizesse as contas e considerassem  custo operacional de um consultório e idas e vindas de hospitais e ambulatórios viria que o custo operacional é alto também. E penso que aquela pesquisa teriam índices maiores de aceitação.


             comentário:  Há grande defasagem salarial na área de saúde. Provávelmente por questão mercadológica, o enfermeiro de nível superior é mão de obra mais fácil de encontrar. Em recente concurso público, para algumas parcas vagas haviam cerca de 3000 candidatos para umas 8 vagas...  Mas veja que interessante... de um lado, acho que a enfermagem está perdendo oportunidade em montar empresas de prestação de serviços que poderiam alavancar a categoria, por outro os médicos que tem conforto em determinado nível salarial deveriam pensar em migrar para o CLT.... 

Parafrasendo Natália do Mesa para Dois.

"Pode fechar a conta."










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