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domingo, 23 de outubro de 2011

Superlotação e atendimento

Essa notícia e algumas reflexões sobre capacidade numérica e logística de atendimento

Primeiro. O Sistema de regulação de vagas hospitalares - sob controle municipal em Piracicaba, avalia a urgência dos casos e encaminha para os hospitais. Os hospitais nada tem a ver com o aceite do caso ou não, mas se alguém cair de moto na frente do hospital É CLARO QUE O POVO VAI ATENDER NEH?

Segundo: Há um absurdo chamado "vaga zero" que é:   o paciente é grave e precisa de atendimento mais aprimorado? ok - enfie goela abaixo de um dos hospitais da rede credenciada (HFC ou Santa Casa) e eles que se virem.... Mas e se for um aneurisma de aorta roto - e o cirurgião vascular daquele hospital já está em outra cirurgia...?  As vezes chega o absurdo de 3 casos simultâneos de ferimento abdominal quando a equipe cirúrgica já está com outros 2 casos em sala. Mais legal ainda, quando houve espaço de tempo para descer e avaliar (cerca de 15 min após entrada dos pacientes no hospital) os resgatistas já tinham ido embora. Tivemos que chamar de volta para levar pelo menos 2 pacientes para outro hospital. (isso aconteceu um 2,5 anos atrás)

Terceiro: O HFC NÁO FAZ PARTE DA REDE CREDENCIADA DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA como a Santa Casa faz. A Santa Casa recebe de 30 a 50% a mais de recursos devido a este credenciamento, mas mesmo assim continuam alocando pacientes deste perfil no HFC.

Quarto: A dificuldade de gerir recursos humanos na rede assistencial da cidade está óbvia e notável devido aos parcos salários oferecidos pelo governo e o mal dimensionamento de sistemas de reserva. Ai o médico é contratado para atuar no Pronto Socorro. ok

 Lá chegando precisa atender 60 pacientes em 6 horas, ou seja 1 paciente a cada 7 minutos (isso inclui, chamar o paciente, avaliar sua necessidade, checar medicações que faz uso, suas alergias, histórico médico, examina-lo, pedir exames, ver o resultado, prescrever as medicações, orientar a enfermagem e se for o caso preencher os formulários burocráticos e eventualmente realizar as devidas ligações telefônicas). É.... pois é - ao médico não cabe apenas o ato de 'atender' o paciente, ele precisa registrar e emitir ordens POR ESCRITO (é o que diz a lei). 

Agora se chegar um acidentado grave (que é comum nos dias de hoje) 1 atendimento leva as vezes  1hora a 1:30hs. Xiiiii ferrou! Como fazer com os outros 59 pacientes lá fora esperando, que estão gritando e ameaçando quebrar tudo e a todos? Que fazer com o jornal e a tv que lá apareceram a pedido da população? Que faço com a polícia que apareceu para fazer BO e o médico "recusou dar explicações" - afinal deixe lá o paciente moribundo com multiplas fraturas e ferimentos, e vá aplacar a ira dos "consumidores".
Abaixo a tabela de salários dos plantonistas....


Sob risco de ser processado devido a dificuldade da população entender a situação no local.... vc acha que ele larga ou não o trabalho? E se ele não larga - sabe qual a tendência? Para dar conta dos desejos da população ele encaminha os casos para os hospitais... assim ele consegue gerenciar o escasso tempo disponível para melhor atender alguns casos.
Porém os hospitais tem limite de vagas... 

Quantas vezes já vi pacientes chegarem no hospital, serem internados a pedido do médico do pronto socorro e irem de alta 6 horas depois.... porque não era nada demais? E não estou pondo a culpa no médico do PS não.... mas estou tentando explicar como o complexo sistema de saúde precisa ser melhor gerenciado. Alguns poderiam dizer ... ah, mas se não era nada porque ficou no hospital? Porque o médico eventualmente escreve uma hipótese diagnóstica "abdome agudo' que mesmo que o paciente esteja bem, precisa de investigação, que leva tempo. Ai ele ficou ocupando uma vaga que as vezes seria necessário para um infartado ou outro mais grave.

Nada é tão simples assim... e pasmem ... o sistema publico de saúde de Piracicaba é um dos melhores do  Estado de São Paulo se não for um dos melhores do Brasil hoje em dia....  

chega pq senão fica chato.

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